I once was blind, but now I see. É o início de uma canção que estou escutando. A letra diz algo muito interessante, “uma vez eu era cego, mas agora eu vejo”. Só que estava pensando aqui, com meus botões, que essa frase tem muito a dizer, além do que pensamos.
Se outrora eu era cego, agora vejo, significa que percebo, enxergo e consigo sensibilizar a respeito do que está diante de mim. Antes, eu não percebia, não podia encarar o que estava defronte. É interessante esse pensamento, de vários pontos de vista. O compositor possivelmente se referia ao pecado ou a uma questão física, do olho humano, de fato, sendo curado pelo poder de Deus. Mas, posso interpretar de uma forma um pouco diferente.
Pensando aqui, cheguei à conclusão de que em muitas, muitas, muitas situações da minha vida, estive cego. Achei que enxergava nitidamente, as letras eram visíveis, a situação, muito simples; entretanto, depois de encarar a circunstância de frente, a verdade surgia, vinha à tona. E aí, novamente com meus botões, dizia: “Estava cego, mas agora eu vejo”.
É tão fácil enxergarmos um único ponto de vista, o nosso, passado pelo crivo da nossa vontade momentânea, que esquecemos que a moeda possui duas faces. Do ponto de vista do Sol, a Terra é apenas mais uma esfera girante; por Gagarin, é azul; para nós, habitantes terrenos, ela é infinita, enorme, não gira e está em batalha interna contra a nossa raça. E aí reside a questão toda!
Antes estava cego, agora eu enxergo, eu vejo! Os momentos mais difíceis da vida, são aqueles em que somos confrontados com a nossa própria causa! Nos damos conta da nossa fragilidade e maldade, e o mundo desaba ao nosso redor. O pecado que domina, o casamento que termina, a escolha errada. Sim, estávamos cegos e não sabíamos. Plantamos milho, esperando colher trigo; rosas, aguardando belos campos de lírios. Mas não é assim.
Se a vida fosse tão simples, a matemática teria o poder – e digo, o dever – de explicá-la. Para tudo ela tem, mas para a vida, não. Podemos equacionar um evento físico, como a explosão de uma estrela, mas não chegamos perto de suspeitar quais variáveis e constantes usaríamos em um “sim” dado no altar de uma igreja, no momento do casamento. Temos a capacidade de entender as moléculas e células que compõem o corpo humano, mas jamais conseguiríamos equacionar o amor, defini-lo, ou mesmo arriscar qualquer palpite. Parafraseando Von-Neumann, quem acha a matemática difícil, é porque ainda não entendeu o quão complicada é a vida. E antes eramos cegos, porém agora enxergamos.
E quem nos faz enxergar? Como é possível ver? O que devemos ver?! Seu nome é Jesus. Ele é aquele que nos faz enxergar a podridão dos nossos corações, a maldade que em nós dorme todos os dias, e quando alimentada, cresce e por vezes desperta com um tremendo mau-humor, uma ira indescritível. Aquelas vezes que xingamos a pessoa amada, as palavras más ditas aos pais, ao irmão. Somos imperfeitos! Mas Ele, o único que pode e tem capacidade para tal, nos ajudou a ver, nos tirou a dor, nos deu a paz, a alegria, nos ajuda a levantar. Ele nos tira da água quando estamos prestes a morrer afogados.
Antes eu era cego, agora eu enxergo, posso ver o pecado que em mim reside, posso olhar pra trás e dizer que não via. Hoje eu vejo. E quanto mais vejo, mais sei que tenho horizontes diante de mim, frontes a vislumbrar. Que Deus nos ajude, nos perdoe, pois em quase todas as nossas decisões e escolhas, estamos cegos. Que Ele possa cuidar dos nossos corações e nos dar a visão que precisamos, para que nossas escolhas não destruam a nossa vida e também a dos outros, principalmente dos que amamos.