Capítulo 4 (v. 1-37)
Temor ao Senhor é tema perpétuo na Palavra de Deus. Mas, o que é temer ao Senhor? Ter medo dEle, respeitá-lo, honrá-lo? Muitas são as definições que eu ouvi, mas uma delas foi bem interessante. Certa vez um professor me disse, parafraseando (pois não lembro exatamente o diálogo): “O temor é algo que nos faz respeitar, o que nos limita. Por exemplo, temos medo de algumas coisas, e então as respeitamos por considerá-las superiores e mais fortes”. Então, complementou: “Por isso, o livro de Provérbios fala tanto em ‘temor ao Senhor’, pois algo que tememos é algo que respeitamos”. Para mim, essa é uma boa definição, pois o “temor” não está apenas associado a amor, respeito ou honra; mas, de fato, a medo.
E Nabucodonosor não temia ao Senhor. O capítulo 4 mostra que Nabucodonosor, mesmo depois de duas vezes (poderíamos considerar três, caso levemos em conta os fatos do primeiro capítulo) presenciar os milagres divinos. O capítulo não relata exatamente a forma como Nabucodonosor estaria desonrando a Deus, pois inclusive nos primeiros versículos ele parece honrá-Lo com suas palavras. Porém Deus lhe dá um sonho, o qual é revelado por Daniel. Nesse sonho, Deus mostra uma árvore grande, a qual seria o próprio rei, que deveria ser cortada, mas mantidas as suas raízes. Desse modo, Daniel interpretou o sonho e mostrou que o “decreto do Altíssimo, […] virá sobre o rei […]: serás tirado de entre os homens, e a tua morada será com os animais do campo, e te farão comer erva como os bois, […] e passar-se-ão sete tempos por cima de ti, até que conheças que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens e o dá a quem quer“ (v. 24-25, grifo meu).
Daniel tentou ser amoroso e aconselhou o rei, dizendo: “aceita o meu conselho e desfaze os teus pecados pela justiça e as tuas iniquidades, usando de misericórdia para com os pobres, e talvez se prolongue a tua tranquilidade” (v. 27). Nesse versículo, entendemos que, apesar de o rei parecer honrar a Deus com suas palavras (v. 1-3), ele não usava de misericórdia para com os pobres e mantinha determinados pecados em sua vida. Por essa razão, Deus decidiu humilhá-lo e permitir certo “deserto” durante um tempo. Ao findar esse tempo, Nabucodonosor retornou o seu reinado, transformado e humilhado. O rei faz uma forte declaração: “Agora, pois, eu, Nabucodonosor, louvo e exalto, e glorifico ao Rei dos céus; porque todas as suas obras são verdades; e os seus caminhos, juízo, e pode humilhar aos que andam na soberba.” (v. 37, NVI, grifo meu).
Nas nossas vidas, são inúmeras as vezes em que passamos por “provações”, “desertos”, sem ao menos entender o porquê. É importante analisarmos nossos corações e entender se não estamos em um momento de humilhação em que o Senhor nos colocou. Talvez tenhamos orgulho e soberba dominando nossas vidas, e não estejamos nos rendendo e temendo a Deus. Nesses momentos, em que precisamos desfazer os nossos pecados, e humilharmo-nos diante de Deus, temer sua grandiosidade, nem sempre somos humildes para tal. Portanto, em diversas formas, Deus nos mostra que Ele é o Senhor e único digno de honra e glória.
Nabucodonosor aprendeu da pior forma. Que saibamos temer ao Senhor, para que aprendamos de formas mais suaves. Mas não esqueça: Deus cuida dos nossos corações, e faz o que for preciso para que nos humilhemos e reconheçamos Sua grandeza. Que aprendamos a honrar apenas ao Criador, e não ao nosso próprio ego.
Confira os outros textos da série sobre Daniel:
Cap. 1 – Daniel: muito mais que a cova de Leões (1)
Cap. 2 – Daniel: muito mais que a cova de Leões (2)
Cap. 3 – Quem não tem ídolos?
Cap. 5 – Santo e Profano
Cap. 6 – Um anjo na cova dos leões
Cap. 7 – Fechando o coração
Cap. 8 – Qual a sua oferta?
Cap. 9 – Aprendendo a Orar
Cap. 10 – Compreender e Humilhar
Cap. 11 e 12 – Daniel sai da cova dos leões