Éfeso: uma igreja como a igreja de hoje (parte 1/3)

Éfeso: uma igreja como a igreja de hoje (parte 1/3)

Em sua segunda viagem missionária (Atos 18.18-19), o apóstolo Paulo chegou pela primeira vez a cidade de Éfeso, e em sua terceira viagem (Atos 19) estabeleceu uma congregação e a pastoreou por aproximadamente três anos. Após Paulo, Timóteo ficou responsável pela igreja e teve a difícil tarefa de impedir que homens (Himeneu e Alexandre – 1 Timóteo 1.3, 20), integrantes da congregação e provavelmente presbíteros, contaminassem ainda mais igreja com “fábulas, mitos e genealogias intermináveis” (1 Timóteo 1.4) e por ideias de proibição e separação em desacordo com a Palavra (1 Timóteo 4.3).

Nos três anos em que passou em Éfeso, Paulo, provavelmente seguindo a linha desenvolvida por ele em suas cartas, dedicou-se ao ensino e as grandes verdades que estão explicitadas em sua carta a esta igreja. No entanto, após sua saída, a igreja caiu na tendência mais perversa do homem: abandonar a verdade. E pouco tempo depois Paulo viu a necessidade de escrever para a igreja uma carta de encorajamento, mas também de advertência. O objetivo da carta era claro: desafiar uma igreja já estabelecida, e quem sabe já confiando demasiadamente em sua própria força, a efetivamente crescer na Graça e serem firmes na Fé em meio a uma geração maligna.

Paulo era naquele período, juntamente com Pedro, a maior autoridade cristã. Sua autoridade não vinha de sua fama e destaque em participações em eventos “gospel” pelas ruas de Corinto ou Tessalônica. Ele não possuía um programa de TV e não estava presente em decisões políticas no Senado romano. Pelo contrário, Paulo era quem era, porque carregava em seu corpo as marcas de Cristo (Gálatas 6.17), adquiridas entre apedrejamentos, prisões e açoites, em noites e dias de fuga e privações. A igreja cristã primitiva olhava para Paulo e via nele alguém que buscava profundamente estar com Cristo, mas que ainda sim estava disposto a viver por aqueles que precisavam ouvir as Boas Novas de Salvação (Filipenses 1.23-24).

Com todas essas credenciais, Paulo poderia ter escolhido o caminho fácil de colocar aquela congregação nos “eixos”, lançando sobre eles uma lista de doutrinas humanas de o que “podiam” e “não podiam” fazer. Mas ao contrário disso, e sabendo que isso não produzia nada de bom (Colossenses 2.21-24), Paulo optou pelo caminho do Ensino da Palavra e começou a sua carta com uma recapitulação teológica trazendo respostas às perguntas que aquela igreja provavelmente havia esquecido ou começou a ignorar com o tempo: “O que a Salvação e como ela acontece?”, “Qual o nosso futuro?” etc. Paulo percebeu que uma igreja com uma profunda base doutrinária bíblica produz uma Fé correta e que cristãos que não possuem uma base teológica adequada nunca terão uma noção correta de Deus tampouco compreenderão aquilo que possuem na Fé em Cristo em Jesus.

Continua…