Um dos primeiros temas tratados pelo apóstolo Paulo em sua carta a igreja em Éfeso foi a abrangência e profundidade da Graça. Como as igrejas contemporâneas, os cristãos de Éfeso pareciam estar dando espaço a novas visões e interpretações à Maravilhosa Graça de Cristo exposta em sua plenitude na Cruz. E o primeiro trabalho de Paulo é mostrar que a Graça é o único evangelho de Deus. A Graça é o Evangelho da Redenção e age de forma inteiramente independente da vontade ou de qualquer obra humana, não dando qualquer mérito ao ser humano e depositando em Cristo toda a Glória para Redenção.
Nossa análise é inicialmente o texto que compreende o capítulo 2, entre os versos 1 e 10, onde podemos ler uma síntese do conceito da Graça. Paulo sabia que entender profundamente o conceito da Graça preenche o homem com a certeza da Salvação Eterna, pois ele deixa de depositar qualquer confiança em si mesmo e a transfere de forma integral àquele que foi entregue em nosso favor na Cruz. Paulo sabia que esta compreensão da Graça firmaria no coração da igreja de Éfeso sua dependência em Cristo e que Ele e Sua obra eram suficientes para a Salvação do homem.
“… mortos nos delitos e pecados” (v.1); “… curso deste mundo” (v.2); “… filhos da ira” (v.3). A morte testifica a nossa total incapacidade de buscar a Deus sem sua amorosa e misericordiosa vontade, somos incapazes de desejar conhecê-lo ou buscá-lo (Romanos 3.11). Nosso guia ou padrão de vida segue os princípios deste mundo, e portanto, andamos em um caminho contrário a qualquer sombra da vontade de Deus (1 Pedro 2.25). Longe de Deus, nossa paternidade é conhecida, nossa natureza é má e somos herdeiros de toda a maldição da ira. (Romanos 1.18)
“rico em misericórdia” (v.4). A dádiva de Deus é sua exuberante compaixão e profusão de amor e piedade àqueles a quem Ele ama, ainda que eles sejam criaturas pecadoras e odiosas (Romanos 5.10; Colossenses 1.21; Tiago 4.4), ainda que seus olhos não se voltem ao Seu Trono, Ele, movido de amor indescritível, de amor visceral e de impossível existência fora Dele, volta-se para os homens e tem misericórdia de sua obra-prima do sexta dia da Criação.
“Ele vos deu vida (v.1); “…nos deu Vida” (v.5). O ato sobrenatural da regeneração do homem é externo a ele. Deus ao ressuscitar Cristo dentre os mortos ao terceiro dia nos arranca do estado de morte em pecados e delitos (Colossenses 2.12) e nos transporta para a segurança da Vida Eterna (1 João 2.25) “… nos fez assentar nos lugares celestiais.” (v.6).
Aquela igreja estava sofrendo de alguma forma com o ataque de teologia e interpretações equivocadas das Sagradas Escrituras (1 Timóteo) e o apóstolo Paulo precisou ser enfático, didático e profundo em suas palavras. A Fé nos é concedida pela Graça de Deus e nos leva a agir aceitando a obra Redentora da Cruz. Tal qual nas narinas de um Adão inanimado soprou Deus fôlego de vida (Gênesis 2.7) e o tornou alma vivente, Ele sopra nas narinas do homem morto em seus pecados e sem consciência da Sua Graça sopro de vida espiritual concedendo-lhe a Fé de Crer no Salvador.
“Porque pela Graça sois salvos, mediante a Fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus.”
Efésios 2.8 (RA)
Nota: Desafio aos leitores não se aterem apenas a este texto, mas verificar as referências bíblicas apontadas no texto. Sabedoria e conhecimento não se compram com poucas moedas no mercadinho da esquina, mas são encontradas em minas profundas cavadas com as próprias mãos.
Porque pela Graça sois salvos