Ela tinha um ventre adormecido.
Sem vida, estéril, incapaz de realizar o propósito pelo qual fora criado: gerar.
Ela tinha um ventre adormecido.
E dentro dele moravam sonhos escondidos, desejos não realizados, histórias não contadas e cantigas de ninar não cantadas.
Suas lágrimas regavam seu ventre e levavam em seu interior a mensagem de socorro que só uma mãe poderia trazer.
“Filha, quando poderei te conhecer?”
Ela tinha um ventre adormecido.
Até que um simples toque – um toque que os médicos não puderam dar, um toque que ela não conseguiu realizar, um toque divino que só dos céus poderia chegar – transformou entulhos em sementes, galhos em nascentes e dúvidas em esperança.
E seu ventre acordou!
Contou os dias, abraçou sua barriga… Contou as histórias, cantou as cantigas, realizou os sonhos.
Que fase incrível a de ser mãe!
“Filha, falta muito para te ver?”
E aquele ventre adormecido crescia, florescia. Encantava, renascia.
Até que prematuramente uma dor a calou.
“Ela vai nascer!”
“Não é tempo!”
“Mas ela vai nascer!”
Todos reunidos aguardavam ansiosos a chegada da criança prematura, fruto do ventre adormecido.
O relógio não parava.
Engolia.
Tic tac.
Tic
Tac
Tic tic tic
“nasceu.”
Sem choro.
Sem alegria.
O primeiro encontro – que não aconteceu – foi marcado pela agonia.
“Onde ela está?”
“Ela está morta.”
“Não vai sobreviver!”
“Engoliu muito líquido da placenta!”
A manta da Morte embalava o fruto do ventre adormecido. Ninava porque a levaria.
Ou achava que levaria!
Quando a Morte a embalou, tão convicta que aquele era o fim, o Sopro de vida chegou.
“Ela é minha!”
Nas suas narinas soprou.
Seus pulmões esvaziou.
Tirou a manta da morte e trouxe vida à semente mais preciosa.
“Ela é minha!”
O Sopro da vida insistiu até o fim. Para devolver aquele bebê à mãe, nada era mais importante naquele momento.
“Descanse, mãe. Ela é minha!”
Sempre fui.
E sempre serei.
Segredo da semana: Nos últimos dias, Deus tem me lembrado muito do episódio que foi meu nascimento. Eu, filha de uma mulher desenganada pelos médicos, estéril e que não respondia a nenhum dos tratamentos, cheguei prematuramente aos olhos humanos. Meu cérebro estava inundado com o líquido amniótico, e da sala de parto fui levada imediatamente para a UTI neonatal. Lá, os médicos diziam à minha família que eu não sobreviveria. A Morte me embalava cuidadosamente, pronta a me levar. E eu não tenho dúvidas que Ele entrou naquele hospital e soprou ar em minhas narinas. Ele me tirou dos braços da morte desde o ventre! Como é possível não me sentir amada assim?
Desafio da semana: Por que eu resolvi compartilhar isso com vocês? O recado de amor é simples: por mais que pareça clichê, entenda que não foi o acaso que te trouxe até aqui. Talvez você seja a estéril, talvez você seja o fruto do ventre adormecido. Talvez você seja a resposta de uma promessa levada por gerações, e pode até ser que você tenha sido planejado(a) desde o primeiro minuto. Em cada caso, existe um propósito de redenção. Hoje, quero trazer à sua memória o seu testemunho. Você é um milagre, e existem vidas esperando para ouvir a história de Jesus em você. O que você vai fazer com a sua história?