Há um tempo atrás eu assisti a um vídeo que me surpreendeu. Achei que fosse mais um daqueles vídeos de auto-ajuda, que mostra uma historinha triste e nos faz chorar ao final, com o objetivo de nos sentirmos melhores por conta do sofrimento alheio. Me enganei. Um menino de rua senta ao lado de outro jovem bem vestido, em um banco no parque. Com as melhores roupas e um ótimo tênis, o jovem rico sorri. O menino maltrapilho se recolhe à sombra de uma árvore e começa a chorar. Com lágrimas nos olhos, observa seu sapato furado e suas roupas esgaçadas. Faz um pedido inusitado, com suas mãos sobre seu rosto: quer ser o menino rico. Ao abrir seus olhos, lá está ele sentado no banco, vestindo as melhores roupas. Observa que o menino rico está usando suas roupas e correndo pelo parque, divertindo-se e dando pulos. O desejo se realizou! Em seguida, no entanto, uma senhora se aproxima do banco com uma cadeira de rodas. Seu pedido fora atendido: agora ele tem roupa e é paralítico.
Abel pastoreia o rebanho. Não tem a função de agricultor que seu irmão, Caim, possui. Ambos eram filhos de Adão e Eva, os primeiros pingos da humanidade. Ao levarem a oferta ao Senhor, agiram conforme solicitado. Abel, no entanto, levou o melhor do seu rebanho para ofertar. Caim, por outro lado, não ofertou de acordo com a vontade de Deus. Não satisfeito com a oferta de Caim, Deus a rejeitou, o que provocou ira e inveja no jovem primogênito. A raiva o levou a cometer um crime terrível. Impiedosamente, Caim assassinou seu irmão. O Senhor o condenou e amaldiçoou sua vida por tal pecado.
Qual a semelhança entre essas duas histórias? Uma parábola e uma narrativa bíblica. Em ambos os casos, atitudes de inveja que levaram ao caos. Ao cobiçarem o que é do próximo e agirem de acordo com esse sentimento, o menino pobre e Caim tiveram finais tristes. Apesar de Abel ter sido assassinado, seu final foi feliz, pois ele não fora amaldiçoado por Deus. Em momento algum ele pecou ou deixou de honrar ao Pai, rendendo-lhe, provavelmente, a vida eterna.
A inveja é um sentimento egoísta e de má fama. É raro alguém se vangloriar do seu próprio sentimento de inveja. É possível, sim, contar vantagem da avareza, luxúria, preguiça, gula, ira e até mesmo da soberba. Ouvimos frequentemente as pessoas contando suas promiscuidades, dando risada das suas atitudes preguiçosas e rindo à toa por sua cobiça e avareza. No entanto, poucos se sentem confortáveis em sentir inveja, pois além de ser pecado é um sentimento negativo em todas as frentes; principalmente, para quem sente.
Como visto nos exemplos acima, a inveja sempre tem um final triste. Alguém sai machucado e ferido. Ela é a cobiça do que não temos e a constatação do medo que temos em não ter. Se o carro do meu vizinho é melhor que o meu, devo invejá-lo, pois o mundo foi injusto comigo. Deus foi injusto! E assim a inveja vai contando suas mentiras e trazendo à nossa mente inúmeras formas de auto-destruição.
Vencendo a inveja
Deus não foi injusto. Como no caso de Caim, Deus humildemente disse que ele deveria fazer o bem e não pecar:
“Se você fizer o bem, não será aceito? Mas se não o fizer, saiba que o pecado o ameaça à porta; ele deseja conquistá-lo, mas você deve dominá-lo”. – Gênesis 4:7 (NVI)
Muitos dos problemas em nossa própria vida são trazidos por nós mesmos. Alguns deles são consequência das nossas atitudes e pecados. Outros são resultado de vivermos em um mundo mau. Ainda há aqueles problemas que Deus permite que passemos para que venhamos a aprender e crescer. É claro que nenhum destes está fora do controle de Deus, pois Ele tem o controle de todas as coisas. Entretanto, é necessário entender que Caim, por exemplo, poderia ter feito o bem, mas não o fez. Deus é fiel e ouve as suas orações. Se cobiçarmos o nosso próximo, invejando suas conquistas, estamos implicitamente dizendo que Deus não é suficiente para nós. Temos que estar satisfeitos com o que Ele nos deu e ponto final. Devemos admirar, sim, as conquistas dos nossos irmãos e das pessoas ao nosso redor. Mas precisamos esquecer do sentimento de inveja, que apenas nos traz destruição.
Creia em Deus. Ele tem poder para mudar seu coração, transformar sua vida e enterrar seu passado. Se você tem uma vida de inveja, aprenda a admirar e respeitar o seu próximo. Tome as decisões certas a partir de hoje e construa sua própria vida, sem basear suas conquistas na inveja pelo outro.
Deus é suficiente. A inveja provoca a ira. Nas palavras de Graham Tomlin: “o próximo passo talvez seja algo, no geral, mais difícil: abrir mão do controle e deixar de se esforçar tanto; em resumo, transformar raiva em paz.”