Olá, pessoal! Estou de volta para mais uma das minhas colunas de quinta-feira. Aos leitores assíduos, podem estar se perguntando: “Cadê o tal do Daniel?!”. A resposta é: “Hoje vamos dar uma pausa”. Uma parada é sempre bem-vinda. Quando refreamos a nossa vida em determinados aspectos, coisas boas acontecem. Por isso, decidi falar de um assunto que tem me “coçado a orelha” nesses últimos dias.
Existe uma questão muito forte de opinião na Igreja hoje. Talvez isso existia na época dos apóstolos, e Paulo menciona brevemente esse ponto, embora possa ser contraditório por muitos (Rm 14.1-8). Mas uma das que mais gera polêmica dentro das instituições é a questão musical. Dentre elas estão as básicas: o que é louvor? Quais os ritmos permitidos? Posso ouvir música secular? É pecado ouvir rock? E funk?
Embora sejam questões difíceis de responder e a divergência de opiniões seja alta, vamos tentar analisar mais de perto esse tema. A música está presente na vida da maioria das pessoas. Certa vez eu li que 1 ou 2% da população não se diverte ou entrete com a música. Estranho, né? Eu, por exemplo, sou músico há quase 15 anos e atuei praticamente a maior parte desse tempo em bandas e no louvor da igreja. E devo dizer que até hoje determinadas perguntas me intrigam e são difícieis de entender. Todos temos uma canção à qual devotamos mais tempo, outra que nos lembra de um amor passado, e uma terceira que pode despertar sentimentos maravilhosos ou tenebrosos em nosso coração. Música é simplesmente uma manifestação poderosa de emoções, que podem ser boas ou nocivas.
A Igreja tem seguido um caminho perigoso nos últimos séculos. Nós, como Cristãos (ou crentes, se isso nos definir melhor do que “parecidos com Cristo”), temos de ter o devido cuidado em agir de determinadas formas. Alguns comportamentos nos são lícitos mas não nos convêm (1 Co 6.12). Ou seja, existem atitudes que, como Filhos de Deus, devemos abandonar, ou simplesmente negar. Muitas delas são de difícil decisão; precisamos renunciar nossa própria vontade! E voltando ao tema da música, precisamos ser cuidadosos com o que temos ouvido e praticado.
A música não tem o poder de apenas influenciar em seu núcleo literário. Não apenas as letras de uma canção podem formar uma geração, mas os ritmos e andamentos de uma obra podem influenciar o interlocutor. Inúmeras músicas fazem alusão a sexo, drogas, suicídio, ódio, paixão, promiscuidade, etc. Outras tantas falam besteiras e não possuem um foco. Poucas bandas populares tomam a frente e enchem os ouvidos das pessoas com mediocridades de suas vidas pessoais, tratando de traição, vingança, e desrespeito. Acompanhadas de ritmos frenéticos, algumas canções são um convite ao pecado! E a Igreja tem aplaudido e reproduzido tais atrocidades.
Embora seja mais evidente em canções “seculares”, o pecado pode estar dentro de músicas “gospel” também. É necessário avaliar cuidadosamente o conteúdo de uma música e então permitir que ela seja utilizada. Dessa forma, pareço um legalista ou até mesmo conservador. Mas Deus o é! Deus não permite que sirvamos a dois senhores (Mt 6.24), não aceita o pecado e sabe que o homem contamina o seu próximo com as palavras da sua boca (Mt 15.11). Ele é Senhor e nos conhece, e sabe o impacto que a música pode ter nas nossas vidas.
Escutar ou não escutar uma canção é decisão pessoal. É como Paulo disse, podemos escolher, temos a liberdade de fazer o impuro, mas sofreremos as consequências disso. Um versículo-chave que me vem à mente é o seguinte:
“Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai.” – Filipenses 4:8 (ACR)
Saberemos que estamos cumprindo com os mandamentos e agradando ao Senhor quando estivermos com pensamentos verdadeiros, honestos, justos, puros, amáveis, de boa fama, virtuosos e com louvor. Se algo foge desse padrão, é melhor não ouvirmos. Nem todas as músicas seculares são ruins – e essa é a minha opinião. Mas é necessário cuidado redobrado nesse caso. Quando decidimos não extirpar toda a forma de pecado em um meio, corremos o risco de pecar ou mesmo de nos acostumarmos com algo que não agrada a Deus. Certa vez, um amigo me disse que colocamos cercas muito próximas ao pecado, de modo que podemos “lambê-lo” ou “tocá-lo”, ao invés de colocarmos a cerca distante o suficiente para não sentirmos sequer o seu “cheiro”.
Devemos, como Igreja, aprender a reter o que é bom apenas. Deus vai cuidar dos nossos corações à medida que tomarmos decisões drásticas de deixar o pecado de lado. Não suspeite que para mim é simples, ou que lhes falo com propriedade. A realidade é que eu sou tentado, caio, peco, ouço canções que não deveria. Mas, ao longo da minha caminhada, tenho aprendido que determinadas atitudes apenas me afastam de Cristo. E o que eu quero é vê-Lo face a face. E isso basta para eu baixar o volume.