Descobri que não sei ficar sozinho. A minha presença me incomoda, me julga, me cobra, e por vezes até me excita por me lembrar de coisas que fiz no passado. Eu preciso silenciar o meu eu, não quero que me julgue, não quero que me cobre, não quero ter que enfrentar o meu passado.
Descobri que o meu “eu” se cala quando está de boca cheia, se alimentando de ego, de atenção, de popularidade e se satisfaz por momentos quando tem razão.
Pai, como te ouvir? O meu “eu” sente muita fome e, quando não satisfeito, grita aqui dentro. Eu não sei calá-lo. A noite chega, estou cansado, oro, agradeço quando lembro, amém. Não quero ouvir, só quero falar.
Desculpe Pai, mas o Senhor entrou no meu coração quando eu dava uma festa, quando meus “eus” se embebedavam de tudo que alimenta meu ego. Me desculpe ter te deixado no canto da sala todo este tempo, onde eu só te notava entre uma dose e outra.
Desta última vez foi diferente, me atraiu com o teu silêncio e seu mistério, me fez sentar ao teu lado em meio a tanto barulho e sussurrou uma única palavra em meu ouvido que me fez entender que era hora de acabar a festa, mandar os convidados embora e arrumar a casa.
Para que assim, sozinho e em silêncio, eu possa entender que Teu amor basta pra mim.