Uns tempos atrás, ouvi de um jovem que o testemunho dele para a igreja era mais impactante que o testemunho da maioria daquela congregação, isso porque ele havia passado por situações que poucas pessoas passaram.
Um dos muitos problemas da pregação na igreja contemporânea é que ela tornou o púlpito em um espaço para que pregadores e animadores contem suas histórias particulares de vitória, sucesso ou prosperidade, para que a platéia, sedenta por milagres, seja de alguma forma impactada.
Essa distorção criou um exército de pessoas convertidas ao testemunho e ao milagre, ou melhor, convertidos à possibilidade de também receberem uma dádiva do céu. Ora, o testemunho não devia ter outra utilidade senão de incentivar, advertir, exortar… Ele nunca deveria ser um meio e um fim para a pregação do Evangelho, mas no máximo, muito superficialmente, uma introdução com poucos detalhes. Afinal, ninguém precisa saber quantas vezes você se drogou, com quantos você transou ou que tipo de bebida você ingeria.
Em 2007 ouvi uma frase que foi o estopim para uma mudança radical em minha cosmovisão cristã. “A Cruz não existe por causa do amor de Deus. Mas por causa do tamanho da minha perversidade e depravação”. Em outras palavras, a necessidade de Cristo ser pregado na cruz está ligada primeiramente à necessidade de remissão dos meus pecados, e isto só foi feito porque ele me amou.
O Evangelho não é a pregação daquilo que Cristo pode ou não fazer por alguém. Tampouco é uma esperança no leque de possibilidades que estão nas mãos daquele que é infinitamente poderoso. O Evangelho é a pregação que leva o morto em seus pecados a um encontro genuíno com a Cruz, onde o fardo pesado é substituído por um fardo leve, onde cada um recebe sua própria Cruz e torna-se um seguidor e imitador de Cristo.