O que aprendi com Dexter

O que aprendi com Dexter

Primeira observação: este texto contém spoilers, ou seja, se você assiste a Dexter e ainda não chegou ao final, seria bom não ler a partir daqui.


Dexter Morgan. Esse é o nome de um serial killer “do bem”. Demorei praticamente 1 ano para assistir a esse seriado. Iniciei nas férias passadas e terminei nestas. Ontem, mais precisamente. Foram oito temporadas de uma certa emoção. As primeiras foram muito legais, mas a qualidade foi sendo drasticamente reduzida à medida que se aproximava do fim. Algo normal, talvez. Mas, apesar de eu não encorajar as pessoas a assistirem o seriado, devo admitir que há algo positivo na história. Vibrar com mortes, distorcer valores e imagens pornográficas são apenas alguns dos pontos negativos. Como Cristão, hoje vejo que o seriado de forma alguma me aproximou de Deus – é óbvio. Entretanto, há algo que preciso compartilhar. Descobri um pouco de mim com o Dexter e espero que você também descubra.

A história é uma mescla de romance, suspense, policial e ação. Em resumo, Dexter é um psicopata assassino em série que trabalha para a polícia e possui uma espécie de “código de vida”, criado pelo pai, que o instrui a matar apenas pessoas más. Para tal, ele precisa manter duas vidas: ser perito de sangue na polícia de Miami e pai de família, e outra escondida, sombria, assassina. Ele vive entre os dois mundos: quem ele mostra ser e quem ele realmente é. Soa como um clássico das máscaras, o teatral da vida. No decorrer do seriado, ambas as vidas começam a se unir, e se torna cada vez mais difícil manter as aparências e separar as coisas. Por conta da sua vida secreta, seus familiares e pessoas ao redor começam a sofrer. Dexter perde todos os que ama devido ao seu “passageiro sombrio” – termo a que cunha sua vida oculta.

O desfecho da história poderia ser positivo. Eu acreditava que o final do seriado mostraria um Dexter mudado, transformado, vivendo com o filho e com a mulher que amava. A história caminhava nesse sentido, até que sua irmã, Debra, morre em virtude de um enredo criado por Dexter. Nem ao menos a irmã amada foi poupada. Contrariando o meu senso e a vontade de remissão, Dexter termina sozinho, longe do filho e da namorada, sofrendo as consequências de uma vida de sangue e mortes.

Apesar de manter uma vida dupla e sanguinária, Dexter não é muito diferente das outras pessoas. Pra ser sincero, me identifiquei muito com ele. Por mais estranho que isso possa soar, Dexter foi um espelho. Eu não sou assassino em série ou psicopata, mas tenho meus segredos. Já vivi uma vida em casa e outra fora. Dei sorrisos que não desejava e tomei atitudes que não queria. Vivi exatamente como Deus não queria que eu vivesse, mas não consegui deixar de lado o passageiro sombrio dentro de mim e me tornei o oposto do que eu desejava.

A história do Dexter é a de muitos Cristãos. Principalmente nos dias de hoje, onde parecer é mais importante que ser. Sei de muitos que parecem ser santos e irrepreensíveis, mas lutam contra a pornografia e a masturbação. Outros demonstram uma imagem de paz, mas são definitivamente irriquietos. Há aqueles que demonstram ser destemidos, mas seus grandes medos estão escondidos atrás de uma máscara. Alguns tentam viver na verdade, mas não conseguem abandonar a mentira. Outros tantos lutam diariamente contra a homossexualidade. Há diversos Dexter’s andando por aí. Você é um deles?

Se há algo que aprendi com Dexter é o de que há dois desfechos. Apesar de o final do seriado ter sido triste, podemos dizer que foi tudo o que ele plantou. Embora ele não fosse necessariamente culpado de ter se tornado um assassino frio, de estar matando apenas pessoas “más”, e de ter tentado não envolver a família nisso, Dexter tropeçou no ponto principal: não parou quando devia. Nos últimos episódios, parecia haver uma insistência no fato de que ele deveria parar antes, cessar, fugir, ir embora. Ele decidiu dar continuidade e sofreu as consequências. Esse foi o desfecho do seriado. Mas o meu e o seu não precisa ser assim. O simples fato de você estar lendo este texto é uma prova de que ainda há esperança, e Deus está chamando você ao arrependimento.

Arrepender-se e abandonar as práticas antigas é o desfecho que eu queria ter visto no Dexter. Não vi, mas posso ver na minha e na sua vida. Embora haja um Dexter em cada um de nós, há, muito mais, o Espírito Santo. Apesar de vivermos vidas duplas, de sermos espírito e carne, Jekyll e Hyde, o Espírito é um em nós. Abandone hoje o pecado. Não permita que o fim do seriado seja triste. Você ainda pode mudá-lo.