Eu estava aqui pensando no que escrever. Os arautos não estão assim tão afiados. A mensagem parece não surgir. Após aproximadamente oito semanas tratando dos pecados capitais, o que há para se falar? Será que eu devo abrir o editor de texto e escrever algo bacana, na moda, belezinha? Por que não usar aquelas máximas de “Jesus te ama”, “sou louco por Cristo”, “vida loca na igreja e Jesus no coração”, ou algo assim. Até mesmo pensei em discorrer sobre o uso da tatuagem ou não, ou se pode isso ou aquilo. Dei-me conta que se tu pesquisares no Google a respeito desses assuntos, vais encontrar infinitamente mais material e de melhor qualidade do que eu poderia produzir. Não quero ser mais um a dizer sins e nãos. Até porque, se quisermos provar biblicamente que o piercing no umbigo do homem com a bolinha preta e a alça vermelha não é pecado, provaremos. Aqui, na Web, todos têm voz e vez. Todos são teólogos e possuem a sabedoria de um ancião, assim como Salomão.
Os assuntos são discutidos, todos entendem muito. Questionava eu há poucos dias:
– “Ok. É permitido beber. O importante é ter intimidade com Deus?”
– “Posso dançar em festas, ir a bares, participar de shows e me entreter das mais diversas formas. O importante é ter relacionamento com Deus.”
– “Certo, mas o que é o relacionamento com Deus?”
– “Ah! É a intimidade com Ele. É orar, jejuar. Jejuar? Não precisa.”
– “Certo, mas eu posso fazer isso tudo e ainda ir pro céu?”
– “Claro, lembra da graça irresistível de Calvino? Não somos salvos pelas obras”.
– “Ah, que bobo. É verdade… É verdade?”
Não sei o que escrever. Nem o sabia quando iniciei este texto. Mas sei o que não escrever. Não vou dizer as inúmeras abobrinhas que eu poderia. Afirmar coisas das quais eu não entendo. Por que eu deveria abrir um texto superficial a respeito dos usos e costumes se, nem eu mesmo posso afirmar que entendo disso? Como eu poderia vir aqui e dizer: “Não faças tal coisa! Faz tal coisa!”, no alto da minha ignorância teológica e das minhas limitações? Não me entendas errado, é Deus quem capacita. Mas a responsabilidade em afirmar ou não afirmar algo é minha. Se eu disser algo do meu entendimento e isso estiver contrário à vontade de Deus, tu e eu sofreremos. Mas aonde eu desejo chegar?
Talvez o ponto de partida seja a minha e a sua necessidade de afirmação dos nossos erros. Com um acesso rápido e facilitado a milhões de experts em tudo o que Bíblia diz, não preciso lê-la. Posso deixá-la no canto do meu quarto e esperar encontrar apoio para meus pecados e transgressões em textos de “loucos por Cristo”, “teólogos de formação”, “apóstolos do Senhor”. Não nos apressamos em buscar a Sua verdadeira vontade ou em honrar a Ele somente, mas ao nosso ego.
Quem me conhece profundamente, sabe o quão radical sou em alguns aspectos. Pecador feio em outros. Sou um paradoxo e, dessa forma, não tenho aquela moral para lhes dizer sins e nãos. Mas Jesus a tinha. E o que Ele disse está escrito nos evangelhos. Vai lá, lê. Sai daqui e vai ler a Bíblia. Tenta encontrar uma permissão para o teu pecado, uma justificativa. “Masturbação é pecado?”, “Tatuagem é pecado?”, “Beber é pecado?”. Que tal parar de digitar essas frases no Google para ler um não de alguém que seja bom o suficiente, na tentativa de confortar suas atitudes de pecado, e honrar a Deus em suas atitudes (o digo para mim mesmo)?
O meu texto não vai mudar tua vida. Não mesmo. Meus textos podem, no máximo, te confortar por 15 minutos. Depois, meu amigo, a emoção passa. Não é a minha palavra ou o meu entendimento que vai mudar o teu coração, que vai preencher o teu vazio. Tu podes navegar por esse blog e buscar respostas e mais respostas. O conforto é passageiro, errôneo. Busca a Ele, vai. Fecha a porta do teu quarto, desliga o WhatsApp e lá Ele te recompensará (Mt 6.6). Amém.