Naqueles dias, o tempo era de sequidão.
De deserto, de desencontro, desatenção.
Minha sede aumentava a cada minuto diante daquele sol. Temia pela noite, temia pelo dia. Onde estava o alimento que me faltava? Onde estava quando estava só?
Quando Ele rompeu o silêncio do meu coração, sentia que o final me surpreenderia.
– Você tem tudo o que precisa aqui, filha.
– Tenho? Não tenho alimento, não tenho água, não tenho vestimenta. A areia é onde repouso minha cabeça.
– Olhe para frente. O que vês?
– Sol e areia.
– Sal e luz.
Imediatamente chorei em Seus ombros, diante da minha incredulidade, da minha falta de fé. No deserto tinha o essencial. Talvez não o essencial para as minhas necessidades, mas o essencial para as necessidades do outro.
Sal e luz. Da terra.
Então a chuva veio. Regou a terra estéril e produziu o fruto esperado. Me alimentei dele e refiz minhas vestimentas.
Abundante És no trabalho de me fazer feliz, Senhor.
Te amo no profundo das águas.
Te amo no abismo do deserto.
Te amo pois sei que não me deixarás submergir na imensidão do azul e nem cair diante da terra vermelha.
Te amo pelo milagre que És em mim.
Segredo da semana: inúmeras vezes passamos por desertos em nossas vidas. Desertos que parecem não ter fim, que não nos saciam, não nos sustentam. Também passo por isso, meu leitor. Tantas vezes não entendi. Mas nunca pensei em desistir. Aprendi que a espera é o segredo da contra-mão! Se o mundo te pede para ter pressa, se acalme e diga que está esperando a chuva de Deus.
Desafio da semana: o desafio da espera talvez seja o mais difícil. Espera de semear, de regar e ver o fruto crescer. Espera para saciar a sede, para se alimentar. Espera para sorrir, para abraçar. Mas espera, pois a chuva virá. Já ouço trovões! Ele vem nos buscar.