Nos habituamos a falar demais, e acabamos perdendo a sensibilidade de ouvir. Na sociedade em que vivemos, muitas vozes têm falado, mas pouco ou raramente tem se prestado atenção a essa multidão de falas, seja porque muitas vezes já temos em si nossos pressupostos prontos, esperando a oportunidade para falar, se é que existe essa espera ou algum desejo de querermos ouvir algo que vá contra nossos princípios. Sempre há aquela carta na manga.
Nos acostumamos à ideia errada de nos acomodarmos em nosso cristianismo, sentados em um banco de Igreja ouvindo o pastor falar ou muitas vezes seguirmos uma cartilha de regras, de tal forma que ao cumprir certos princípios, tenhamos a liberdade de viver para nós mesmo, não que isso não seja importante, mas sim por vivermos sempre ocupados ou tão distraídos que perdemos a sensibilidade de se deleitar sobre a Palavra de Deus e ouvi-la de forma pessoal. Concordo com o que Ravi Zacharias (Do Coração de Deus, pg 47) diz:
“Escutar tem um preço, mas traz a maior das recompensas: a vontade de Deus. Amolecidos como estamos pelo bem-estar e pela ideia errada de que servir a Deus é fácil e estimulante, perguntamo-nos por que Ele está tão longe de nós quando, na realidade, pode ser que nós é que abandonamos sua proximidade. Nós acostumamo-nos tanto a ouvir pregadores, por importante que isso seja, que muitos dentre nós abandonaram o grande privilégio de ouvir pessoalmente a Palavra de Deus a cada dia.”
Parece-me que é mais fácil falar ou citar versículos nas redes sociais do que dedicar tempo em querer conhecê-lo mais a cada dia. Como A. W. Tozer diz: “Deus não se curvou à nossa pressa nervosa, nem adotou os métodos da nossa era mecânica. O homem que deseja conhecer a Deus precisa dedicar-lhe tempo.” Se queremos viver para nosso Senhor, tanto quanto levar as boas novas para aqueles que nos cercam, precisamos encontrar tempo para conhecê-lo, pois como poderemos falar de alguém com quem não nos relacionamos direito, sem saber quem Ele é. Seria muito estranho entrarmos em certos relacionamentos sem querermos saber quem o outro é, até porque não há relacionamento sem o desejo de caminhar junto, de se conhecer, de aprender um com outro e de amar um ao outro. Relações são construídas e levam tempo, além de dedicação de ambas as partes. Nossos ouvidos também precisam estar ao serviço do Senhor, como Samuel diz:
“Fala, Senhor pois, o teu servo está ouvindo.” – 1 Samuel 3:9b (NVI)
Com isso, não quero impor nada a ninguém, não é esse o objetivo, entendo perfeitamente o que é viver num tempo onde não se tenha mais tempo, mas também não podemos criar desculpas por causa disso. E pensar que nossos irmãos que não tem a liberdade que temos de se deleitar na Sagradas Escrituras a cada dia, devem ver isso como uma dádiva. Mas será que é necessário que percamos essa dádiva para entendermos seu valor? Esperamos que não.
Como o salmista diz:
“Como a corça anseia por águas correntes, a minha alma anseia por ti, ó Deus. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo. Quando poderei entrar para apresentar-me a Deus?” – Salmos 42:1-2 (NVI)
Que tenhamos esse anseio pela presença de Deus, e de podermos nos deleitar em sua Palavra a cada dia, de desfrutarmos dessa dádiva e crescermos a cada dia mais em sua graça. Que Deus nos guie no privilégio de podermos ouvi-lo a cada dia, e que nossos ouvidos estejam sensíveis à sua voz. Termino com a oração de Paulo na carta aos Efésios.
“Por essa razão, ajoelho-me diante do Pai, do qual recebe o nome de toda a família nos céus e na terra. Oro para que, com suas gloriosas riquezas, ele os fortaleça no íntimo do seu ser com poder, por meio do seu Espírito, para que Cristo habite em seus corações mediante a fé; e oro para que vocês arraigados e alicerçados em amor, possam juntamente com todos os santos, compreender a largura, o comprimento, a altura e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo que excede todo conhecimento, para que vocês sejam cheios de toda a plenitude de Deus.” – Efésios 3.14-19 (NVI)
Que o Senhor tenha misericórdia de nós e nos abençoe.
Esse texto foi enviado pelo nosso leitor Éder Corrêa.