“Porque ainda são carnais. Porque, visto que há inveja e divisão entre vocês, não estão sendo carnais e agindo como mundanos?” – 1 Coríntios 3:3 (NVI)
Me sinto parte da igreja de Corinto. É fato. É como se Paulo direcionasse essas palavras a mim: você é carnal! E sabe o pior? Ele teria razão, eu teria de ficar quieto e, envergonhado em meu canto, choraria. Não porque estaria longe de Deus, mas por frustrar todas as expectativas a meu próprio respeito. E isso, definitivamente, mostra que sou, sim, carnal.
Já entendi o evangelho, conheci a Cristo, tive experiências fantásticas e pude testemunhar Seu amor e perdão. Ainda assim, vivo me envolvendo com a carne e esquecendo o espírito. É uma luta, uma guerra. É como se dois exércitos bem armados estivessem lutando dentro de mim. Ganha o mais forte, sempre.
E é assim que aprendi: tenho que alimentar aquele que desejo que vença. Para que o espírito vença, preciso enchê-lo de comida, da Palavra de Deus. A carne, por outro lado, vence muito facilmente. É só não alimentar meu espírito que parece que ela recebe um banquete diário sem qualquer esforço. Um desafio.
O problema disso tudo é quando a Igreja como um todo se esquece de ser espiritual. Eu, sendo parte dela, vou torná-la carnal com a minha carnalidade. E assim sucessivamente: meus irmãos carnais vão deixando tudo muito carnal e, assim, a Igreja se torna carnal (perdão pela exagerada repetição da palavra). Quando nos damos conta, a Igreja deixa de ser espiritual e inicia um processo de esquecimento.
As pregações passam a ser cheias de palavras de sabedoria humana, os departamentos da igreja passam a ser comparáveis a qualquer organização empresarial, o dinheiro se torna receita e as pessoas deixam de se alimentar com o verdadeiro Evangelho – esquecem-se do sacrifício e do poder de Cristo.
Quando a Igreja carnal toma conta, a fé se torna racional. O sobrenatural não faz mais parte da comunidade e a apostasia se estabelece. Não há mais evangelismo nem manifestações de poder. A carne é tão forte, que a amnésia se estabelece e acabamos esquecendo completamente como é ser espirituais.
E eu, o crente carnal, atrapalho toda essa história. Graças a Deus por Sua misericórdia que me lembra, todos os dias, que sou um pecador redimido. Me agarro nisso, nessa verdade, no amor de Cristo; sem esse amor, eu seria mais um homem carnal andando por aí, estragando igrejas. Por Sua graça sou salvo, mas quero lembrar e voltar meus olhos para o alvo. Dessa forma, Seu poder e glória podem se manifestar. Não quero esquecer de ser espiritual.