O céu escuro já denunciava a tempestade que se aproximaria.
Eu, que olhava para um lado e para outro e via apenas água, estremeci.
Olhei as bagagens, os mantimentos, vi que aquele barco não aguentaria muito tempo…
E foi aí que a chuva começou.
Corri até o leme para tentar mudar a direção e lá estava Ele.
Tranquilo, descansando, como se nada estivesse acontecendo.
Será que não sentia a força com que o barco balançava?
Que sono profundo era aquele que não o fazia despertar para me socorrer?
Voltei para a proa, e o que vi era assustador: o caos estava instalado, e o meu barco próximo de afundar estava.
Parecia mesmo o fim.
Não havia saída para mim.
A água levava embora minhas bagagens.
Uma a uma, iam desaparecendo no mar que cheio de ódio estava.
Os sacos de mantimentos se abriam e tudo o que via era o estágio final de uma jornada.
Da minha jornada.
Tudo isso enquanto Ele dormia.
– Jesus! Acorde, Mestre! Como podes dormir enquanto essa tempestade leva embora tudo o que tenho?
– O que está acontecendo, filha? – Dizia Ele, abrindo os olhos tão devagar, de forma tão branda, que me acendeu ainda mais o desespero.
– Você sabe muito bem o que está acontecendo!
– E o que posso fazer por você agora?
– Agora nada! Já está feito! O fim da história é essa: enquanto Você estava ausente, eu perdia tudo! Não há como recuperar o que perdido está!
– Achas mesmo que é esse o fim da história?
Aquele sorriso não me enganava.
Passo por passo, como em câmera lenta, ele subia os degraus e se aproximava das beiradas da embarcação, inundada pela fúria da natureza.
E bastou um levantar de mãos.
Nenhuma palavra, nenhum grito.
Um levantar de mãos.
Me aproximei dEle para ver o que estava acontecendo, quando aquele sorriso que realmente não me enganava mostrou-me de quem era a última palavra.
– Achas mesmo que aquele era o fim da história? Observe a minha versão.
– Ah, Mestre… Como pude duvidar de Ti?
– Xiiiu… Não precisa dizer mais nada. Enquanto Eu estiver aqui, você estará segura.
– Mas Você me prometeu que estaria comigo todos os dias. Até a consumação dos séculos!
– Que bom que entendeu.
Segredo da semana: Como é difícil confiar. Acreditar no que não vejo, sentir algo diferente das circunstâncias… Com vocês também é assim? Parece o fim quando Ele dorme. Parece que a fúria da tempestade vai levar tudo embora. Quem é este que até os ventos lhe obedecem, afinal?
Desafio da semana: Te convido para o difícil exercício da contemplação. Ande, venha comigo nessa! Se o mar quiser te submergir, lembre-se de quem dorme ao seu lado. E apenas veja o que Ele faz enquanto tudo parece ter fim. É o poder dEle se aperfeiçoando em cada fraqueza sua.