Estava conversando com um homem sobre a vida.
O destino, esse maluco destino que dá tantas voltas e nem sempre nos deixa ficar.
E esse homem sofreu tudo o que poderia suportar!
Ele perdeu a casa e também o lar.
Perdeu a saúde e viu com os próprios olhos a lepra chegar.
Sentada de frente para ele, não entendia o motivo de tanta fé.
O olhava atentamente e, sem conseguir decifrá-lo, me calei.
Foi quando ouvi de seus lábios:
“Porque há esperança para a árvore que, se for cortada, ainda se renovará, e não cessarão os seus renovos. Se envelhecer na terra a sua raiz, e morrer o seu tronco no pó, ao cheiro das águas, brotará e dará ramos como a planta.” – Jó 14:7-9
O homem era Jó, e o vi à luz daquela que é lâmpada para os meus pés.
Agora, todas as vezes que não entendo tantos “talvez” que a vida me dá, lembro que Jó acreditou na Certeza de que o amanhã iria chegar.
Me lembro de como meu coração foi cuidado por Ele incessantemente, dia e noite, minuto a minuto, sem descansar.
Me lembro que Ele sempre foi dono dos meus poemas e continua a rabiscar.
Desenhar.
Apagar.
Soprar o ar.
Ele continua me fazendo rimar com “ar” porque Ele é o ar!
O Sol ainda não apareceu.
Mas vai!
O dia ainda não amanheceu.
Mas vai!
E como Jó, eu vou esperar.