Uma reflexão no pecado

Uma reflexão no pecado

O pecado é algo forte, poderoso, monstruoso e temido. Mas é bom, prazeroso e desejável. É arriscado definir o pecado como algo “bom”, quando suas consequências são apenas de morte. Vamos trazer essa definição para o nível humano, carnal. Deus é bom, ponto final. Humanamente falando, o pecado pode ser alvo de desejo, visto com ternos olhares. Ao mesmo tempo em que é para um fim de perdição, contempla o bom no ruim. Distorce o sexo e o transforma em luxúria. Arranca a santidade da comunhão para levar à depravação. Esquece-se do significado de receber sem dar e pede mais que se pode. É ele, o pecado.

Na minha vida, se tem algo do qual eu entendo é a ação do pecado. Parece que ele me encontra, mesmo quando estou fugindo por um caminho completamente diferente. Apesar das inúmeras vezes em que eu decidi deixá-lo, parece que as forças do mal se erguem em união para frustrar meus planos de liberdade. Ele é astuto e se veste muito bem. Ao vê-lo, eu me engano fortemente. Ele usa vestes brancas e reluzentes. Falho em notar os pés escuros, as costas descobertas expondo suor de sangue e garras escondidas. Vejo por uma perspectiva tão fiel a ele: minha carne. É por ela que eu enxergo a beleza no que não há.

Ao me aproximar, o pecado me abraça, acaricia, enche-me de prazer. Ele cuida em não expor sua natureza de trevas, mas me lembra dos inúmeros amigos que tenho e que já o abraçaram outras vezes. Lembra-me, também, das outras vezes em que nos aproximamos e que as consequências pareceram não dar as caras. Sussurra em meu ouvido: “venha de mansinho, não tem problema, ninguém está vendo, a vida segue, Deus perdoa e tu vai pro inferno”. De tão embriagado pela sua magia, não escuto as suas últimas palavras. Esqueço-me, repentinamente, das Palavras de Deus, escritas e reveladas, que me mostram os fins a que me submeterei se com o pecado eu viver. Esqueço-me.

Após esse período, o pecado dá as costas. Depois do abraço, vem o tapa. Sinto que em suas costas não há luz, mas finjo nada ver. É como uma pessoa ingrata. Depois de dar-lhe o abraço tão esperado, dá-me as costas. Cospe em meu rosto e vira-se. Percebo que não há sequer uma chance de aquilo ter sido positivo para minha vida. Começo a chorar e, em prantos, o Senhor aparece a mim. Jesus, em sua totalidade luz, estende Sua mão branca e reluzente e me ergue. Me abraça e garante Seu perdão. Pede, no entanto: “vá e não peques mais”.

Uma hora depois, o pecado reaparece. Com sua forma de luz, confunde-me novamente. Eu o abraço e nego, mais uma vez, o sacrifício de Cristo. O processo recomeça e a liberdade não toma seu lugar. Estou preso, cativo, escravo, nas garras do maligno. Apenas Sua misericórdia pode me livrar de tal condenação. Seu amor insiste em perdoar, erguer. A decisão é minha. Digo sim ou não?